segunda-feira, 4 de maio de 2009

Projeto Pixaim visa geração de renda
Veja as conquistas e disposição das mulheres

Por Neusa Baptista
Fotos: Fernanda Quevedo
Muita diversão


Cerca de 20 mulheres de vários bairros da Capital e de Várzea Grande estão participando da oficina de Tranças Afro oferecidas pelo Projeto Circuito Pixaim, uma ação do Núcleo Maria Maria, da Central Única das Favelas (Cufa-MT).

O curso, que terá a duração de dois meses, vai ensinar os passos básicos para a confecção das tranças nagô, um dos traços da cultura africana trazidos para o Brasil.


Maria Rita já esta aprendendo


A idéia, além de estimular a valorização da estética negra, também é qualificar as mulheres, muitas das quais já são cabeleireiras, ou buscam ingressar nesta profissão, partindo para uma nova carreira.

Da esquerda para direita: Ana fashion e Aparecida

É o caso da estudante Aparecida Kelly Eufrásio, moradora do bairro Serrra Dourada. Embora não tenha em mente ainda tornar-se uma cabeleireira, esta é uma das perspectivas que surgem para ela quando questionada sobre o curso. “Espero aprender bastante. Estou achando bom. Quem sabe se eu gostar, posso ser uma cabeleireira. Está sendo fácil aprender, a professora tem muita paciência para ensinar”, disse ela.

Vera Lúcia Soares da Silva, doméstica, 46 anos, moradora do bairro Alvorada, é uma das mais animadas com a oficina. “Estou achando ótima, pretendo ir até o final”, comentou ela, que não tem qualquer experiência como cabeleireira.


Mulheres

Josiane Laura da Silva, dona de casa, moradora do bairro Alvorada, também aprovou as atividades. “Estou disposta a aprender coisas diferentes, coisas novas, interessantes. Tudo que aparece de novo estou me interessando. Me interesso em mexer com cabelo, tenho filha com o cabelo afro, bem complicadinho. Então, quero aprender para fazer nela, para ver o cabelo dela bem arrumadinho. Por isso, vim tentar. Eu cozinho de vez em quando, faço algum tipo de bico, profissão como cabeleireira amanhã talvez eu mude de idéia, dom para mexer com cabelo eu não tenho, queria aprender para cuidar lá de casa, para ficar sempre com o cabelo ajeitadinho”, disse ela.

Entre as participantes, muitas são cabeleireiras ou já atuam em salões de beleza. Para elas, o curso é uma oportunidade a mais de qualificação. “Este curso está sendo maravilhoso para mim porque está abrindo mais um espaço, que é a trança rasteira, que está em alta agora, principalmente em época de festas, Carnaval, etc.”, opinou a manicure Ivanildes. Segundo a manicure, muitas pessoas de pele clara procuram a trança afro como opção de penteado para festas, já que a durabilidade é maior do que uma escova, por exemplo.

Daniela Farias

A cursista Daniela Farias comenta que já conhecia o trabalho da Cufa-MT, se informou sobre o curso e resolveu tentar. “O curso é muito interessante para mim, eu já vi muitas pessoas usando o penteado, a procura por ele é grande, pois ele é muito interessante. Outra coisa: também quebra aquele preconceito contra a trança, que as pessoas acham que quem usa são só as pessoas de cor, têm aquele racismo ainda. E também é muito bonita a arte da trança”.


A coordenadora do projeto Circuito Pixiam, Karina Santiago, explica que a geração de renda é um dos objetivos principais do projeto, que tem como um dos eixos de trabalho o protagonismo feminino. “Não existe autonomia sem autonomia financeira, e isso é uma das coisas que o Projeto Pixaim quer dar às mulheres: a possibilidade de ter esta autonomia. Vimos que a trança é uma demanda das cabeleireiras que já estão em salão, então ela tem bastante aceitação entre o público, e isso mostra que há mercado para esta prática ancestral das mulheres africanas. Isso é muito positivo”, comentou ela.


As oficinas de Tranças, Leitura e Teatro são gratuitas e seguem até junho, no bairro Alvorada. Mais informações: 3023 9283.

Nenhum comentário:

Postar um comentário