quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Por que confeccionar bonecas negras?

Projeto Pixaim participa das oficinas da SERICUFA

Por Fernanda Quevedo


Neusa Baptista falando sobre os elementos de identificação com a cultura negra

Além da geração de renda com a produção de bonecas negras, algo totalmente inovador no mercado local, as oficinas de artesanato da SERICUFA, oferecem ainda a formação conceitual. O questionamento que se faz acerca das oficinas é: “Porque confeccionar bonecas negras?”. Basta entrar em qualquer uma das lojas de brinquedo da cidade, e uma das respostas estará lá: quase não existem produções no mercado.

Outro ponto importante na produção e confecção de bonecas pretas de pano, esta associada a elementos de uma cultura que vai além da representação material e mercadológica. È uma atividade lúdica, pedagógica, cultural e antropológica, porque se identifica com a realidade educativa dentro de suas diferentes dimensões. È também uma forma de estimular a auto-estima de mulheres e meninas negras, já que com isso, elas poderão encontrar um elemento de identificação.

Quem esteve em uma das aulas falando sobre elementos de identificação, foi a Jornalista Neusa Baptista, autora do livro “Cabelo Ruim? A História de três meninas aprendendo a se aceitar”. Tal como nas oficinas do projeto Circuito Pixaim, o livro, serve como elemento introdutório para as discussões com as alunas. “Com a historia do livro, é possível também discutir elementos de identificação cultural” relata a jornalista.


As alunas com o livro "Cabelo Ruim?!"

A cursista Ester Valdiva, de 35 anos, peruana, moradora do Bairro Alvorada, relata que quando criança tinha uma boneca de pano pretinha, mas sempre era impedida de brincar por sua avó, pois a mesma dizia que bonecas com essa característica eram feias e não faziam bem para as crianças. “O padrão de beleza ensinado para as meninas era ser como a boneca Suzi”, afirma Ester.

Doroti Fetragi de 61 anos, moradora do Bairro Cpa III, também aluna do curso de artesanato, disse que tem duas bonecas pretas em casa, confeccionadas a mais de quarenta anos, mas que nunca chamou muita a atenção de suas filhas e netas. Doroti afirma também que sai de casa as 12h e 20 min para conseguir chegar a tempo de pegar o curso: “Estou maravilhada, esta valendo muito a pena”, argumenta a cursita.

As oficinas de artesanato são oferecidas gratuitamente pela SERICUFA – Núcleo de Empreendimento Comunitário da CUFA (Central Única das Favelas), todas as terças e quintas-feiras das 14 às 17 horas. A CUFA esta localizada no Bairro Alvorada, Rua da Paz, Nº 29. Para mais informações: (65) 3621-2879.

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