segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ponto de Cultura Pixaim em busca da suas origens

No Distrito de Chumbo, Município de Poconé, as ações Pixaim entraram em contato com a cultura Quilombola presente na localidade

Por Ederson Déka

Comunidade assiste atenta a apresentação das ações do Ponto de Cultura Pixaim

O Ponto de Cultura Pixaim fez um retorno às nossas origens visitando no dia 07, sábado, o Distrito de Chumbo, no município de Poconé, onde é forte a presença da cultura afro, sendo ela um dos principais pilares da comunidade, esses que buscam sua identidade nos tradicionais Quilombos, que lembram a luta pela liberdade e aceitação de si e do outro, tendo como um dos seus maiores símbolos Zumbi dos Palmares.

“Foi muito interessante esse intercâmbio cultural, pois tivemos a oportunidade de conhecer como está sendo feito o trabalho de organização da comunidade de Chumbo,compreender a valorização da cultura afro brasileira e também o resgate histórico do que é um Quilombo e qual o seu valor simbólico e, além disso,o que isso contribui para a aceitação da identidade cultural afro brasileira nessa localidade. O nosso envolvimento nessa ação foi uma troca gratificante”, comentou Karina Santiago, coordenadora de Projetos da CUFA Cuiabá.

Silbaine Aparecida (19) trançando a cabelo de Camila dos Santos (14)

A presença do Ponto de Cultura Pixaim (CUFA-MT) no Distrito de Chumbo foi proporcionada a convite de Iane Thé (43), integrante da equipe de agronegócios do Sebrae-MT. Ela disse que a CUFA trabalha com os mesmos preceitos do Sebrae, que diz respeito a empreendimentos visando empoderamento da comunidade onde ela está inserida, nesse processo de transformação produção de serviços. Iane reforça que: “Nós acreditamos que esse trabalho com a CUFA fortaleceu essa ação na comunidade, pois as atividades do Ponto de Cultura Pixaim e também a palestra sobre economia solidária foram ao encontro de todo trabalho desenvolvido na região”.

As atividades desenvolvidas no período matutino no Distrito de Chumbo foram oficinas de trança afro, coordenada pela ex-aluna do Ponto de Cultura Pixaim, a estudante Tatiane Amorim, leitura ministrada por uma das coordenadoras do Projeto Pixaim, Neusa Baptista e pelo professor Ederson Déka, que integra a equipe de Comunicação da CUFA-MT. E no período vespertino Karina Santiago proferiu uma palestra sobre Economia Solidária, onde discutiu o poder organizacional de uma comunidade e também a importância da sustentabilidade, onde participaram membros e articuladores de projetos desenvolvidos na localidade.

Oficina de leitura desenvolvida com os adultos da comunidade e visitantes

“Na oficina de trança o desenvolvimento dos participantes foi impressionante”, destaca Tatiane Amorim (18). Ela foi aluna das oficinas de Trança do Ponto de Cultura Pixaim, realizadas no CECC (Centro Esportivo e Cultural CUFA Cuiabá), localizado no bairro São João Del Rei e, hoje contribui com o projeto coordenando oficinas de trança em Cuiabá e no interior do estado de Mato Grosso.

“Sabia trançar, mas não desse jeito, no começo é um pouco difícil, mas depois pequei o jeito, com apenas essa oficina. Já havia visto tranças desse tipo apenas na televisão, tinha muita vontade de aprender, agora sei fazer trança afro vou divulgá-la na comunidade, pois sei que ela tem retorno financeiro”, ressaltou, animada, Silbaine Aparecida de Almeida Souza (19), moradora do Distrito de Chumbo.


As crianças desenvolvendo atividades na oficina de leitura do Ponto de Cultura Pixaim

Na oficina de leitura, o ponto alto foi a discussão do livro “Cabelo Ruim?”, de Neusa Baptista. Os participantes da Roda de leitura perguntaram à autora se a historia é pura ficção ou se foi baseada em fatos reais. Ela respondeu que a história é baseada na vida de todas as mulheres negras que sofrem preconceito em relação ao cabelo e também na sua vida, pois vem de uma família numerosa, onde 7 são mulheres que buscaram inúmeras soluções para o “cabelo ruim”.

“Minhas irmãs e eu buscávamos a todo custo resolver o problema do nosso cabelo desde alisamentos com produtos caríssimos, que não resolviam nada, até a chapinha usando ferro quente, era um sofrimento, pois a cada dia tentávamos uma solução definitiva e ela nunca chegou. Diante disso, resolvi em 2006 escrever o livro contanto essa história de uma maneira simples, mas de forma muito reflexiva”, destacou Neusa Baptista.

Lideranças da comunidade e colaboradores participando da Palestra sobre Economia Solidária

A palestra de Karina Santiago foi marcada pela troca de experiência em um clima de tranqüilidade. Os participantes puderam conhecer o histórico da CUFA tanto em terras brasileiras como no exterior. Ela afirmou que a organização sólida de uma comunidade é o principal fator para o empoderamento, não só dos bens culturais, mas para proporcionar uma sustentabilidade local.

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